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O que os créditos podem nos dizer sobre o filme?

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Em primeiro lugar acho importante começar o texto esclarecendo algo: é obvio que objetivamente os créditos dizem muito sobre os filmes em que eles estão, tendo em vista que são por eles que sabemos as equipes (criativas e de produção) que estão fazendo com que a obra aconteça, porém não é isso que me interessa para esse texto, aqui eu pretendo usar a “analise” da estética e da forma dos créditos iniciais de alguns filmes como um dos pontos catalisadores para a discussão acerca das obras. Esses filmes em questão são: Halloween (1978, John Carpenter), Pague para Entrar, Reze para Sair (1981, Tobe Hooper) e Halloween III – A noite das bruxas (1982, Tomy Lee Wallace), filmes contemporâneos entre si e que agregam bastantes semelhanças e diferenças em suas narrativas. Neste mês do horror do Mesa Em Cena , nós já falamos sobre o clássico Halloween , de 1978, o filme que inaugurou o subgênero do slasher e que, graças à objetividade e simplicidade da construção do seu terror e a todo u

A BRUXA DE BLAIR (1999): Sobre Finitos e Infinitos

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Qualquer found footage tem uma certa metalinguagem, característica, também, presente no filme responsável por concretizar e popularizar o subgênero no cinema e na indústria. Contudo, a dupla de diretores, Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, a coloca como pano de fundo ao buscar, entre folhas e galhos, temas muito maiores, como a insignificância humana perante forças e ameaças desconhecidas; entretanto, reduzi-lo à um mero terror cósmico seria não enxergar a grandiosidade de seu potencial fílmico. A Bruxa de Blair retrata até de forma filosófica uma compreensão sobre a finitude da humanidade e a infinitude do incompreensível, da imagem ilusória e do plano por meio do embate entre quão real uma gravação pode ser e quão frágil o homem é ao ser confrontado por si mesmo e pela materialização do medo, tendo como “arena” a floresta, que, definida como pequena e limitada por Heather, é, na verdade, infinita no retrato cinematográfico, pois sua vastidão cerca e, por mais paradoxo que seja, s

Homem-Aranha de Raimi e a natureza moralista francesa

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  Se pensarmos em moralismo a partir dos conceitos técnicos na filosofia, inevitavelmente nos recordamos do impulso que movia o pensamento dos moralistas franceses, em essência tal impulso tem por interesse a observação do comportamento humano. O moralista é alguém que olha para a natureza humana, querendo trazer à tona aquilo que ela tenta esconder. Ou seja, a tendência do pensamento moralista é de revirar aquilo que não quer que se revire. Grandes nomes na fundamentação desse pensamento são Blaise Pascal, Jean de La Bruyère e François de La Rochefoucauld, suas máximas propagaram a essência de seus pensamentos, chegando até mesmo na nossa dramaturgia, como exemplo o dramaturgo Nelson Rodrigues. Partindo dessa ideia, podemos notar no movimento narrativo em que se constrói a trilogia Homem-Aranha, de Sam Raimi, o mesmo impulso de criar sentido a partir do retrato da moral que acompanha o ser humano. Como o texto tem por objetivo a crítica cinematográfica, não proponho interesse em apr